Spencer é valente e ama o cinema e o jornalismo
Fernando Spencer
Ricardo Paiva
Como conclusão de curso de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco, as estudantes Viviane Freitas e Mariana Tavares realizaram em 2001 o vídeo Valente é o Spencer, num título fruto de feliz idéia que remete ao nome Valente é o Galo, curta famoso do jornalista e cineasta Fernando Spencer feito em junho de 1974. No trabalho das alunas da Unicap, o próprio Spencer e várias pessoas a ele ligadas falam de sua trajetória como profissional e sua conhecida paixão pelo cinema e pelo jornalismo.
Não poderia ser outro o mote de um vídeo sobre o querido jornalista pernambucano. Paixão pelo trabalho é algo característico da trajetória desse homem de 75 anos que, escrevendo sobre cinema, marcou época no jornalismo pernambucano. “Eu sempre gostei de cinema. Meu pai era um funcionário público que me levava desde os 8 anos para assistir filmes”. Em sua casa, existem centenas de filmes, trechos de tantos outros, trilhas sonoras preferidas em fitas, discos de vinil e até disco 78 rotaçoes. “A pessoa quando é apaixonada por uma forma de arte acaba sendo sempre um colecionador. Eu desde sempre guardo filmes e mesmo discos, pois outra paixão minha é a música”.
SUPER 8 - O seu primeiro filme foi A Busca, ainda em 35 mm. Mas, no Super 8 é que foram várias as suas incursões, totalizando trinta e dois curtas acabados. O Super 8 foi uma forte demonstração de resistência cultural, pois sem apoio de estado, independentes, de forma caseira, amadora e na base da raça, vários cineastas fizeram quase duzentas produções. De Spencer, se destacam entre vários outros feitos em 36 mm e 15 mm, os realizados em Super 8: Cinema Gória, Capiba, Ontem, Hoje e Sempre; Bajado, um Artista de Olinda - feito com Celso Marconi, que junto com o Grupo 8 e Spencer teve papel fundamental no cinema pernambucano - e Valente é o Galo.
O cineasta possui todos seus trabalhos em Super 8, alguns em vídeos, outro em rolos, outros em BetaCam. “Eu tinha muita vontade de lançar meus curtas ou apenas alguns deles em DVD, de repente com apoio da FUNARTE, FUNDAJ... Mas, é difícil ”. Falta acabar muita coisa e na mente dele, toda hora surgem idéias, parecendo que para ele é muito incomodo ficar parado. Essa mania de trabalhar foi que o fez ser um incansável na busca de seus objetivos, mesmo que fosse incompreendido por alguns. “Sobre o título que me deram de cineasta do filme inacabado, eu nunca tive raiva ou fiquei incomodado, pois era verdade mesmo. Cinema no Brasil sempre foi muito difícil”.
TIO JOCA - O jornalismo impresso é uma paixão tão forte quanto o cinema e também nesse ramo, o produtivo e versátil jornalista possui alguns projetos pelo acalentados ao longo dos anos. Entrou no Diário como revisor em 1956 e paralelamente às críticas que fez no Diário de Pernambuco de 1958 até 1998, Fernando também exerceu sua faceta de escritor, poeta e cronista. Em pastas, estão separados seus contos, poesias e crônicas. Alguns deles já foram publicados, como foi no caso de Paisagem Urbana, inspirado pela comoção pelo assassinato dos meninos da Candelária. Mostrou ainda o cd Viagem Azul, 8 ½ Poemas de Fernando Spencer, cd que traz oito poemas e cujo título homenageia filme do italiano Frederico Fellini, um de seus maiores ídolos junto com Charles Chaplin e John Ford.
Ao falar do trabalho em jornais, ainda mais emocionado fica quando lembra dos tempos do “Júnior”, caderno com 8 a 12 páginas, ilustrado pelo famoso artista plástico Cavani. O relato sobre a época de trabalho com os escritores infantis que produziam para o Diário emociona o editor “Tio Joca”, como era assinado o nome de Spencer no caderno. Idéia que foi inspirada no “Tio Juca”, também figura em suplemento do Diário de Pernambuco na década de 50. “Geneton Moraes Neto (hoje diretor de jornalismo do Fantástico da Rede Globo) começou comigo, aos 17 anos, levei texto dele para a redaçao, mostrei ao editor que se admirou depois que eu disse que quem escreveu tinha apenas 17 anos”.
Outras experiências saborosas dizem respeito aos pseudonimos que usou durante o exercício diário de escrever para jornal impresso. Desde adolescente, como adorava jornal, deixava seus próprios escritos nos jornais. “Eu escrevia algo, deixava na porta, eles publicavam”. “Durante um tempo usava o recurso de assinar com outro nome suas crônicas, era o Fernando Saldanha, que só foi descoberto pelo seu editor quando eu estava tomando café com Ronildo Maia Leite, quando ele me apresentou Antonio Camelo”. Outro pseudonimo era o de Sérgio Nona, mas esse existiu já na época em que trabalhava de fato como jornalista. Já estava contratado e possuía prestígio no Diário, quando “encarregado de escrever sobre música, adotei o Sérgio Nona, com o qual assinava matérias sobre mpb, lançamentos, depoimentos com artistas e novidades musicais”.
FAMÍLIA - O maior orgulho de Spencer são seus curtas-metragem, mas algo de muito especial para ele são seus filhos. De dois casamentos, tem quatro homens e duas mulheres. Ricardo é o mais velho do segundo casamento e quem é mais ligado ao trabalho do pai, pois se formou jornalista, tendo se envolvido com cinema e se especializado em efeitos especiais. Ele ri lembrando dos tempos que seu filho trabalhou com ele antes de viajar e do que aprontava. “Ele sempre mexia com essas coisas de efeitos especiais, brincava com os meninos aqui da rua, maquiava todo mundo. Chegou a levar gente para Agamenon Magalhães, as pessoas ficavam espantadas com os ferimentos que ele produzia, depois notavam que ninguém tinha sido atropelado, que era só o trabalho de maquiagem que ele fazia”.
De tantos projetos que sonha em realizar, entre cd’s de poesia, livros com contos e poemas, além de transferência do arquivo pessoal e de sua cinemateca para a FUNARTE do Rio de Janeiro, parece mais feliz quando fala de seu sonho de colocar sua coleção em forma de alguma cinemateca de alguma universidade pernambucana, “talvez, uma Universidade Federal de Pernambuco ou uma Universidade Católica de Pernambuco, que teriam muita estrutura e espaço para abrigar a inestimável coleção de filmes, fitas, cd’s, revistas, jornais, posters e artigos. E um desperdício essas universidades não terem uma cinemateca e eu aqui com esse arquivo bom”. FANTASIA - Um precioso projeto para o cineasta parece ser o livro em que pretendia reunir seus artigos selecionados das colunas do Diário de Pernambuco de 1958 até 1998. “E difícil mais ainda publicar livros hoje em dia. Eu tenho esse desejo de fazer ainda essa compilação, já esta tudo em pastas, falta quem ajude, tenho vários amigos, mas não me sinto bem pedindo”. O nome seria Passageiro da Fantasia, o que realmente resume bem sua vida. O valente Spencer apenas quis que todos entendessem e amassem o cinema. Tendo desempenhado papel fundamental na história do cinema pernambucano, ele próprio se encarrega de definir o objetivo que norteou sua vida: “fazer filme é que sempre me importou. Para mim, aprender cinema era a melhor coisa, passar minha mensagem e estórias para outras pessoas que também gostassem de cinema”.
Ricardo Paiva
Como conclusão de curso de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco, as estudantes Viviane Freitas e Mariana Tavares realizaram em 2001 o vídeo Valente é o Spencer, num título fruto de feliz idéia que remete ao nome Valente é o Galo, curta famoso do jornalista e cineasta Fernando Spencer feito em junho de 1974. No trabalho das alunas da Unicap, o próprio Spencer e várias pessoas a ele ligadas falam de sua trajetória como profissional e sua conhecida paixão pelo cinema e pelo jornalismo.
Não poderia ser outro o mote de um vídeo sobre o querido jornalista pernambucano. Paixão pelo trabalho é algo característico da trajetória desse homem de 75 anos que, escrevendo sobre cinema, marcou época no jornalismo pernambucano. “Eu sempre gostei de cinema. Meu pai era um funcionário público que me levava desde os 8 anos para assistir filmes”. Em sua casa, existem centenas de filmes, trechos de tantos outros, trilhas sonoras preferidas em fitas, discos de vinil e até disco 78 rotaçoes. “A pessoa quando é apaixonada por uma forma de arte acaba sendo sempre um colecionador. Eu desde sempre guardo filmes e mesmo discos, pois outra paixão minha é a música”.
SUPER 8 - O seu primeiro filme foi A Busca, ainda em 35 mm. Mas, no Super 8 é que foram várias as suas incursões, totalizando trinta e dois curtas acabados. O Super 8 foi uma forte demonstração de resistência cultural, pois sem apoio de estado, independentes, de forma caseira, amadora e na base da raça, vários cineastas fizeram quase duzentas produções. De Spencer, se destacam entre vários outros feitos em 36 mm e 15 mm, os realizados em Super 8: Cinema Gória, Capiba, Ontem, Hoje e Sempre; Bajado, um Artista de Olinda - feito com Celso Marconi, que junto com o Grupo 8 e Spencer teve papel fundamental no cinema pernambucano - e Valente é o Galo.
O cineasta possui todos seus trabalhos em Super 8, alguns em vídeos, outro em rolos, outros em BetaCam. “Eu tinha muita vontade de lançar meus curtas ou apenas alguns deles em DVD, de repente com apoio da FUNARTE, FUNDAJ... Mas, é difícil ”. Falta acabar muita coisa e na mente dele, toda hora surgem idéias, parecendo que para ele é muito incomodo ficar parado. Essa mania de trabalhar foi que o fez ser um incansável na busca de seus objetivos, mesmo que fosse incompreendido por alguns. “Sobre o título que me deram de cineasta do filme inacabado, eu nunca tive raiva ou fiquei incomodado, pois era verdade mesmo. Cinema no Brasil sempre foi muito difícil”.
TIO JOCA - O jornalismo impresso é uma paixão tão forte quanto o cinema e também nesse ramo, o produtivo e versátil jornalista possui alguns projetos pelo acalentados ao longo dos anos. Entrou no Diário como revisor em 1956 e paralelamente às críticas que fez no Diário de Pernambuco de 1958 até 1998, Fernando também exerceu sua faceta de escritor, poeta e cronista. Em pastas, estão separados seus contos, poesias e crônicas. Alguns deles já foram publicados, como foi no caso de Paisagem Urbana, inspirado pela comoção pelo assassinato dos meninos da Candelária. Mostrou ainda o cd Viagem Azul, 8 ½ Poemas de Fernando Spencer, cd que traz oito poemas e cujo título homenageia filme do italiano Frederico Fellini, um de seus maiores ídolos junto com Charles Chaplin e John Ford.
Ao falar do trabalho em jornais, ainda mais emocionado fica quando lembra dos tempos do “Júnior”, caderno com 8 a 12 páginas, ilustrado pelo famoso artista plástico Cavani. O relato sobre a época de trabalho com os escritores infantis que produziam para o Diário emociona o editor “Tio Joca”, como era assinado o nome de Spencer no caderno. Idéia que foi inspirada no “Tio Juca”, também figura em suplemento do Diário de Pernambuco na década de 50. “Geneton Moraes Neto (hoje diretor de jornalismo do Fantástico da Rede Globo) começou comigo, aos 17 anos, levei texto dele para a redaçao, mostrei ao editor que se admirou depois que eu disse que quem escreveu tinha apenas 17 anos”.
Outras experiências saborosas dizem respeito aos pseudonimos que usou durante o exercício diário de escrever para jornal impresso. Desde adolescente, como adorava jornal, deixava seus próprios escritos nos jornais. “Eu escrevia algo, deixava na porta, eles publicavam”. “Durante um tempo usava o recurso de assinar com outro nome suas crônicas, era o Fernando Saldanha, que só foi descoberto pelo seu editor quando eu estava tomando café com Ronildo Maia Leite, quando ele me apresentou Antonio Camelo”. Outro pseudonimo era o de Sérgio Nona, mas esse existiu já na época em que trabalhava de fato como jornalista. Já estava contratado e possuía prestígio no Diário, quando “encarregado de escrever sobre música, adotei o Sérgio Nona, com o qual assinava matérias sobre mpb, lançamentos, depoimentos com artistas e novidades musicais”.
FAMÍLIA - O maior orgulho de Spencer são seus curtas-metragem, mas algo de muito especial para ele são seus filhos. De dois casamentos, tem quatro homens e duas mulheres. Ricardo é o mais velho do segundo casamento e quem é mais ligado ao trabalho do pai, pois se formou jornalista, tendo se envolvido com cinema e se especializado em efeitos especiais. Ele ri lembrando dos tempos que seu filho trabalhou com ele antes de viajar e do que aprontava. “Ele sempre mexia com essas coisas de efeitos especiais, brincava com os meninos aqui da rua, maquiava todo mundo. Chegou a levar gente para Agamenon Magalhães, as pessoas ficavam espantadas com os ferimentos que ele produzia, depois notavam que ninguém tinha sido atropelado, que era só o trabalho de maquiagem que ele fazia”.
De tantos projetos que sonha em realizar, entre cd’s de poesia, livros com contos e poemas, além de transferência do arquivo pessoal e de sua cinemateca para a FUNARTE do Rio de Janeiro, parece mais feliz quando fala de seu sonho de colocar sua coleção em forma de alguma cinemateca de alguma universidade pernambucana, “talvez, uma Universidade Federal de Pernambuco ou uma Universidade Católica de Pernambuco, que teriam muita estrutura e espaço para abrigar a inestimável coleção de filmes, fitas, cd’s, revistas, jornais, posters e artigos. E um desperdício essas universidades não terem uma cinemateca e eu aqui com esse arquivo bom”. FANTASIA - Um precioso projeto para o cineasta parece ser o livro em que pretendia reunir seus artigos selecionados das colunas do Diário de Pernambuco de 1958 até 1998. “E difícil mais ainda publicar livros hoje em dia. Eu tenho esse desejo de fazer ainda essa compilação, já esta tudo em pastas, falta quem ajude, tenho vários amigos, mas não me sinto bem pedindo”. O nome seria Passageiro da Fantasia, o que realmente resume bem sua vida. O valente Spencer apenas quis que todos entendessem e amassem o cinema. Tendo desempenhado papel fundamental na história do cinema pernambucano, ele próprio se encarrega de definir o objetivo que norteou sua vida: “fazer filme é que sempre me importou. Para mim, aprender cinema era a melhor coisa, passar minha mensagem e estórias para outras pessoas que também gostassem de cinema”.
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