Braços estendidos para uma verdade humanista
Clamor, Uma Vitória de uma Conspiração Brasileira
Ricardo Paiva
A Editora Objetiva já coloca desde o começo do ano nas livrarias Clamor, Uma Vitória de uma Conspiração Brasileira, de Samarone Lima, jornalista cearense radicado em Pernambuco que fez sua vida acadêmica como estudante na UFPE e trabalhou alguns anos lecionando na Unicap. O livro percorre todos os principais passos que marcaram a concepção, a trajetória, lutas e conquistas do movimento Clamor, que nascido em 1978, buscou desaparecidos políticos e mortos, perscrutando as dificuldades e tentando desmascarar algumas sombras nas ditaduras.
O jornalista, familiarizado com estudos sobre a América Latina, o Cone Sul e afetivamente ligado a algumas questões caras à defesa dos direitos humanos e a luta na época da ditadura, pesquisou em São Paulo as lições de humanidades presentes nesse lançamento editorial.Trabalhando em cima de arquivos da Arquidiocese de São Paulo, sob a orientação do sociólogo Sedi Hirano, esse sensível profissional que é Samarone trabalhou com pesquisas desenvolvidas para uma bolsa de mestrado na USP pela Escola de Estudos Hispânicos.
Sob o título inicial de A Penumbra Compartida, o autor certamente se viu constantemente desafiado pois cumpriria estudos e pesquisas de rigor científico que conviveriam com seu inato sentimento de revolta perante a história política das ditaduras na América e Cone Sul. Além de arquivos da Cúria Arquidiocesana em São Paulo e fontes no Brasil, A Penumbra Compartida – nome da tese de mestrado apresentada em 2000 na USP - investigou arquivos da Argentina, Chile, Uruguai. As atrocidades perpetradas no Cone Sul e as ditaduras massacrantes sobre os povos renderiam várias vertentes para o trabalho realmente de repórter que logicamente haveria de ser para além de São Paulo e em vários livros que a pesquisa foi buscar.
O livro, indo do conhecido e covarde caso – pois contra crianças - Anatole e Vicky e da orfandade que lhes é impigida brutalmente, parte para outras ações do Clamor, registrando os recursos de que o pastor James Wright, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, a jornalista inglesa Jan Rocha - com o apoio decisivo de Dom Paulo Evaristo Arns - cimentaram para aqui e ali resolver casos ou ao menos ajudar a saber o que na época foi feito com vidas humanas.
A melhor característica dessa pesquisa foi a riqueza de fontes que Samarone se municia para falar de tudo o que cercou o movimento – ele encontra registros de ajuda de gente espalhada pela América até relatos da pouca conhecida contribuição de brasileiros juristas como Fábio Konder, José Carlos Dias, Hélio Bicudo e soma o que colhe às perspectivas que suscitassem perguntas sobre o movimento de solidariedade. Do pequeno levante que fraternalmente se formava para servir de contraponto às brutalidades das torturas,assassinatos,desaparecimentos em outros casos latinos e brasileiros.
As pequenas lutas do Clamor, pela pouca estrutura e perigo envolvido, foram heróicas e nobres, porque se não resolviam a complexa tragicomédia de erros de políticas anacrônicas e amorais da ditadura,pontuavam momentos e criavam focos de resistência e esperança. Se as violências foram desabridamente maiores que os desaperecimentos e mortes resolvidos e descobertos, a corrente de solidariedade mesmo assim fincou sua importância no tempo. É sobre os pequenos gestos humanos e solidários que se construiram grandes vitórias da democracia contra a ditadura, talvez queira ensinar o autor.
Ricardo Paiva
A Editora Objetiva já coloca desde o começo do ano nas livrarias Clamor, Uma Vitória de uma Conspiração Brasileira, de Samarone Lima, jornalista cearense radicado em Pernambuco que fez sua vida acadêmica como estudante na UFPE e trabalhou alguns anos lecionando na Unicap. O livro percorre todos os principais passos que marcaram a concepção, a trajetória, lutas e conquistas do movimento Clamor, que nascido em 1978, buscou desaparecidos políticos e mortos, perscrutando as dificuldades e tentando desmascarar algumas sombras nas ditaduras.
O jornalista, familiarizado com estudos sobre a América Latina, o Cone Sul e afetivamente ligado a algumas questões caras à defesa dos direitos humanos e a luta na época da ditadura, pesquisou em São Paulo as lições de humanidades presentes nesse lançamento editorial.Trabalhando em cima de arquivos da Arquidiocese de São Paulo, sob a orientação do sociólogo Sedi Hirano, esse sensível profissional que é Samarone trabalhou com pesquisas desenvolvidas para uma bolsa de mestrado na USP pela Escola de Estudos Hispânicos.
Sob o título inicial de A Penumbra Compartida, o autor certamente se viu constantemente desafiado pois cumpriria estudos e pesquisas de rigor científico que conviveriam com seu inato sentimento de revolta perante a história política das ditaduras na América e Cone Sul. Além de arquivos da Cúria Arquidiocesana em São Paulo e fontes no Brasil, A Penumbra Compartida – nome da tese de mestrado apresentada em 2000 na USP - investigou arquivos da Argentina, Chile, Uruguai. As atrocidades perpetradas no Cone Sul e as ditaduras massacrantes sobre os povos renderiam várias vertentes para o trabalho realmente de repórter que logicamente haveria de ser para além de São Paulo e em vários livros que a pesquisa foi buscar.
O livro, indo do conhecido e covarde caso – pois contra crianças - Anatole e Vicky e da orfandade que lhes é impigida brutalmente, parte para outras ações do Clamor, registrando os recursos de que o pastor James Wright, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, a jornalista inglesa Jan Rocha - com o apoio decisivo de Dom Paulo Evaristo Arns - cimentaram para aqui e ali resolver casos ou ao menos ajudar a saber o que na época foi feito com vidas humanas.
A melhor característica dessa pesquisa foi a riqueza de fontes que Samarone se municia para falar de tudo o que cercou o movimento – ele encontra registros de ajuda de gente espalhada pela América até relatos da pouca conhecida contribuição de brasileiros juristas como Fábio Konder, José Carlos Dias, Hélio Bicudo e soma o que colhe às perspectivas que suscitassem perguntas sobre o movimento de solidariedade. Do pequeno levante que fraternalmente se formava para servir de contraponto às brutalidades das torturas,assassinatos,desaparecimentos em outros casos latinos e brasileiros.
As pequenas lutas do Clamor, pela pouca estrutura e perigo envolvido, foram heróicas e nobres, porque se não resolviam a complexa tragicomédia de erros de políticas anacrônicas e amorais da ditadura,pontuavam momentos e criavam focos de resistência e esperança. Se as violências foram desabridamente maiores que os desaperecimentos e mortes resolvidos e descobertos, a corrente de solidariedade mesmo assim fincou sua importância no tempo. É sobre os pequenos gestos humanos e solidários que se construiram grandes vitórias da democracia contra a ditadura, talvez queira ensinar o autor.
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